quinta-feira, 22 de novembro de 2007

O homem que levou chifre de Deus

Ele já chegou pra Deus se reclamando.
Abanando os braços feito uma capota,
As ventas bufando que nem bode brabo,
Tudo isso por conta de um par de chifres que tinha levado.

Deus sem muita rudia lançou a pergunta pra corno:
- Fala meu filho qual o motivo de tua agonia?
O desenfeliz respondeu de pronto:
- Mas Deus rapaz, que danado eu fiz pra aquela ingrata me colocar essas pontas?

Deus olhou bem no miolo dos olhos do gaiudo e respondeu:
Não coloque a culpa em sua bela mulher seu cabra,
Ela de tudo fez pra ver você feliz e corado.
Na verdade você se desgraçou por um chifre que quem colocou fui eu!

Na mesma ora o danado caiu de anel no chão sem entender a traição:
Mas Deus, que danado foi isso do senhor furnicar com minha mulher?
Não foi nada disso seu sem-vergonha, eu lá sou homem dessas safadezas.
O chifre que você carrega não é de engembração e sim um castigo pelo cabra ruim que você era.

Você lembra do dia que deu uma pisa na sua esposa?
A bichinha ficou quatro dias com o miolo mole e sem sentir gosto.
Inté hoje não escuta direito do ouvido esquerdo de tanta pancada no rosto,
Tudo isso devido a um pifão que o senhor tomou no bar do velho Raposa.

Você se lembra do dia que mandou prender o pobre do Miguelon?
O bichinho ficou trancado no xadrez, mofando feito queijo .
Inté hoje tem um cacoete que é uma piscadeira sem fim por conta das pisas dos Volantes.
Tudo isso por conta de um par de galinha que tinha pego no terreiro de seu Ideon.

Você se recorde do dia que colocou de castigo seu filho Damião.
O coitado ficou amarrado no pé da mesa do almoço por uma linha de costura e não poderia torar.
Inté hoje sofre de cãibras e esta coxo de uma perna.
Tudo isso modos que ele teria ido pescar no açude com sua vara sem permissão.

Essas que me lembro e tomei nota, sem contar outras tantas que ficou pra História.
O senhor foi ruim e amargo feito fel, tratava todo mundo na ponta de sua faca,
Sem pena nem dó. Era tinhoso feito cascavel.
Gente como você pra mim é escória.

Fiz você na minha imagem e perfeição,
E tudo que você fez foi anarquizar com o meu feito.
Pois uso dos poderes que tenho e mudo sua afeição.
Em vez de parecer comigo vais ficar igual com o cão.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Sem alumiar mares

Era uma vez um vaga-lume
Que com sua dança alumiava a lua.
Corria por espaços nunca antes corridos
E que com movimentos exatos derrubou um cavaleiro.

Era uma vez um vaga-lume
Que com sua graça sorria o sol.
Nadava em rio de contos
E que carinhava a chuva chovendo no chão.

Era uma vez um vaga-lume
Que dava presentes para Cosme e Damião.
Cobria o céu de celofane e das estrelas fazia confeito
Tudo isso para ver santos irmãos sorrirem risos santos.

Era uma ver um vaga-lume
Que não sabia que era isso tudo.
Não sabia que era o riso solto de um sol
Nem o alumiar aluminozo de um luar.

Era uma vez um vaga-lume que era minha outra asa.