
Hoje não vou falar de amores
nem de sentimentalidades,
e ques tões do coração
ou da vil vaidade.
Hoje vou falar da caridade
que a TV e outros meios de comunicação
fazem a população
e com muita criatividade.
Hoje fiquei emocionado
quando vi uma apresentadora,
com cabelos de lagarta bestial voadora,
falar choroza dos crimes barbaros
que sofreram algumas crianças
espalhadas pelo nosso Brasil.
Ela falou do caso do Menino João Hélio,
que durante um assalto
foi brutalmente arrastado
e por sete quilômetros, "esquartejado".
Falou com agonia do caso de uma menina
que nos braços fraternos
de seu avô materno
levou um tiro no peito durante assalto.
Recordou melancólica a menina das rifas
que com bravura e inconsequência
negou a dois bandidos,
todo dinheiro.
Onze facadas costaram doze vinténs.
E sem muito arrudeios
amarrou a cara,
falou braba
e pediu pelas crianças do Brasil
que tanto vivem pela sorte.
E com isso ela me dispertou.
Com muita alegria
temor e ouzadia
posso gritar que o Nordeste EMANCIPOU.
No Brasil que ela ama
não tem Recife como a capital mais violenta,
não tem chacina no Campo das Aeromoças que atormenta,
nem crinças que também encontram a Caetana.
Lais, natural de Limoeiro,
sequestrada, morta, estuprada,
esquartejada, queimada
não É do Brasil noveleiro.
Sabrina Helem, morava na Boa Vista,
foi estuprada, teve o pescoço quebrado,
em um balde seu corpo foi guardado,
tambén não viva nesse "Brasil de Artista".
E tantas outras que são molestadas
por estudantes universitários
que com muita sorte
não encontram as várias Caetanas.
Essas crianças verminozas e amarelas,
que nasceram na lama de Josué de Castro,
que pra muita gente só serve de lastro,
não são do Brasil das Novelas.
O nordeste foi emancipado
sem a molecada ler nos lívros de estudos sociáis,
sem briga de badoque
e sem niguem ser avizado.
Um comentário:
Não vi essa tal pessoa que despertou tudo em você, mas me parei pensando em alguns casos e cheguei até a parte que vem a velha frase "infância perdida" depois de saber que duas meninas, uma de 14 e outra de 15 anos, foram mortas a tiros de armas de grosso calibre provavelmente por envolvimento com o tráfico de drogas em Jaboatão.. Tentei organizar as idéias, parei para ver o que eu estava fazendo com essa idade, tentei achar explicações sociológicas e ver, de fato, o que está perdido, mas não deu.. terminei de ler a notícia com o velho "como assim?" e mais uma vez com o vazio que deixa a sensação de impotência e derrota.
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