quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Nordeste emancipado sem batalha de badoques nem nada


Hoje não vou falar de amores

nem de sentimentalidades,

e ques tões do coração

ou da vil vaidade.



Hoje vou falar da caridade

que a TV e outros meios de comunicação

fazem a população

e com muita criatividade.



Hoje fiquei emocionado

quando vi uma apresentadora,

com cabelos de lagarta bestial voadora,

falar choroza dos crimes barbaros

que sofreram algumas crianças

espalhadas pelo nosso Brasil.



Ela falou do caso do Menino João Hélio,

que durante um assalto

foi brutalmente arrastado

e por sete quilômetros, "esquartejado".



Falou com agonia do caso de uma menina

que nos braços fraternos

de seu avô materno

levou um tiro no peito durante assalto.



Recordou melancólica a menina das rifas

que com bravura e inconsequência

negou a dois bandidos,

todo dinheiro.

Onze facadas costaram doze vinténs.



E sem muito arrudeios

amarrou a cara,

falou braba

e pediu pelas crianças do Brasil

que tanto vivem pela sorte.



E com isso ela me dispertou.

Com muita alegria

temor e ouzadia

posso gritar que o Nordeste EMANCIPOU.



No Brasil que ela ama

não tem Recife como a capital mais violenta,

não tem chacina no Campo das Aeromoças que atormenta,

nem crinças que também encontram a Caetana.



Lais, natural de Limoeiro,

sequestrada, morta, estuprada,

esquartejada, queimada

não É do Brasil noveleiro.



Sabrina Helem, morava na Boa Vista,

foi estuprada, teve o pescoço quebrado,

em um balde seu corpo foi guardado,

tambén não viva nesse "Brasil de Artista".



E tantas outras que são molestadas

por estudantes universitários

que com muita sorte

não encontram as várias Caetanas.



Essas crianças verminozas e amarelas,

que nasceram na lama de Josué de Castro,

que pra muita gente só serve de lastro,

não são do Brasil das Novelas.



O nordeste foi emancipado

sem a molecada ler nos lívros de estudos sociáis,

sem briga de badoque

e sem niguem ser avizado.







Um comentário:

Anônimo disse...

Não vi essa tal pessoa que despertou tudo em você, mas me parei pensando em alguns casos e cheguei até a parte que vem a velha frase "infância perdida" depois de saber que duas meninas, uma de 14 e outra de 15 anos, foram mortas a tiros de armas de grosso calibre provavelmente por envolvimento com o tráfico de drogas em Jaboatão.. Tentei organizar as idéias, parei para ver o que eu estava fazendo com essa idade, tentei achar explicações sociológicas e ver, de fato, o que está perdido, mas não deu.. terminei de ler a notícia com o velho "como assim?" e mais uma vez com o vazio que deixa a sensação de impotência e derrota.