segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Nova Alvorada anunciada pelo Anjo domenical das asas coloridas - para Larissa Minghin
Sem apelo ou solução cai de uma altura vertiginosa.
Era queda fatal e irremediável,
O chão pedregoso e poeirento chegava cada vez mais perto.
A prata já lampejava nos meu olhos,
Eu já podia ouvir meus ancestrais abrindo a porta profunda
E a mão terra florir seus brancos jasmins para mim.
Foi então que um anjo com asas de ceda,
Com tantas cores que não sei nem como definir,
Me pegou nos braços mansos,
Me cantou seu canto celestial
E me livrou daquele mal nefasto.
Ele me falou que Sol diferente brilhará no céu,
E enviará o dragão do Tempo para curar qualquer ferida.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Jornada de Mar
Peito ao Mar.
O Tempo já é cor de maduro.
Vou rumo ao Novo Mundo
Minha Santa tem meu caminha para Clarear.
Eu, marujo sem bandeira
Me lanço com minha Nau Catarineta
Neste tigre de barba azul
Filho da Terra e devorador de sonhos.
Em meu caminho muitos perigos.
Eu não posso parar,
Pois minha jornada é epopéica.
Nem a poderosa Brusaicã poderá me assustar.
Mil canhões apontam de minha Nau.
Não tenho uma colossal tripulação,
Mas ando com minha Ciganinha
Que usa uma saia azul que foi prenda minha.
Meu caminho é logo
E o Tigre está acordado.
Vem minha Ciganinha,
Me leva nos teus braços a minha Nau.
A chuva pinga pinicando a madeira,
Uma nuvem esconde o Sol.
Abana a saia minha Cigana
Para nossos cainhos Clarear.
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Cantiga de Rei
Um, dois, três
Falarei para vocês.
Eu tenho uma bela Coroa
Sou um belo Rei.
O meu trono é magistral,
É real e imponente.
É cravejado de estrelas
Que brilham constantemente.
É fino e decente.
É esculpido por artesão
Em meu sertão quente.
Um, dois, três
Falarei para vocês.
Eu tenho uma bela Coroa
Sou um belo Rei.
A minha armadura é bela
E nela se aparentam
Marcas de fogo e brasa
Que a mim muito contentam.
Minha montaria e ligeira,
Faceira e veloz.
Meu nobre Castanho
Criado no aveloz.
Um, dois, três
Falarei para vocês.
Eu tenho uma bela Coroa
Sou um belo Rei.
Sou Rei de caça,
Da praça e do mar.
Destemido e zeloso
Tenho Reinos a conquistar.
Com meus Pares de França
Tenho andanças pelo mundo todo.
Cordão azul e encarnado,
Sangue Ibérico e sangue Mouro
Um, dois, três
Falarei para vocês.
Eu tenho uma bela Coroa
Sou um belo Rei.
sábado, 6 de dezembro de 2008
Santo anjo sem Senhor
Que tem um cacho esplendoroso onde bato meu olho,
De saias longas e esfarrapadas,
Sem seus chinelos de cristal,
E com os olhos reluzindo.
Escute essa Oração que não fiz para você.
Tu que endoidas os demônios decaídos
Com teu lundu negro tapuia
E os homens deprimidos também.
Gelai por mim meu anjo.
Ho santo anjo sem Senhor
Minha Zelação, meu guardador
Me enrosca nas tuas saias
E me leva além,
Além do onde já estou.
Pelos século e séculos
Amém
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Alvorada
Me sorria um sorriso gentil
Que te convido para pintar um teto.
Escolhi as tintas, vamos pintar uma noite
Dessas com muitas estrelas qualhando o céu.
Mas se o Cruzeiro do Sul não te agradar
Podemos pintar uma Aurora.
Tenho tinta amarela e laranja,
Uma para sorrir e outra para apaixonar.
Prepare tudo sem demora
Que vou uma surpresa buscar.
Vou na casa do venderinho buscar chita e celofane
Para ornamentar nosso amanhecer.
O sabiá esta na varanda afinando a cantoria,
Azulão e concriz vieram ajudar.
Nosso dia está ficando belo e pronto
Num imaginário faceiro a imaginar.
Vista seu manto azulado coberto de flores
Que vestirei minha armadura Moura cravejada de estrelas.
Me deite em teu colo e me mostre carinhos
Pois no fim o Sol vai nascer e vamos ver juntos a Alvorada.
Empariados
Ah, como seria bom se nós vivesse empariado,
Assim juntinho, lado a lado
Nas intemperanças e dádivas desse mundo embolador.
Mas por uma gaiatice Divina nós não vevi.
Então eu fico mancomunando no meu imaginário
Situações em que nós vivesse pregado.
Imagina se nós fosse dentada de onça do lajedo,
Tu a dentada e eu o mordido.
Tu com a boca em eu e eu me acabando na tua boca.
Mas se isso fosse sanguinolento demais pra tu
Nós podia ser outra coisa.
Nós podia ser beira de rio,
Tu a corrente forte e eu um surubim pra tu me guiar.
Tu me levando nos teus braços e eu deixando me levar.
Mas se isso fosse fácil demais pra tu
Nós podia ser outra coisa.
Nós podia ser ferroada de fuzileiro maribondo,
Eu o ferão pra penetrar e tu a pele se abrindo para eu.
Meu ferrão fazendo parte de tu e tua pele fazendo parte de eu.
Mas se isso fosse dolorido demais para tu
Nós bem que podia ser outra coisa.
Nós podia ser um carro de boi,
Eu o carro e tu os bois para me levar por esse mundão a fora.
Tu levando pelo caminho e eu abraçado no teu cangote sendo levado.
Mas se isso fosse lento demais pra tu
Nós podia ser outra coisa.
Nós podia ser uma Cavalhada sertaneja dos doze pares de França,
Tu do cordão azul e ibérico e eu do cordão encarnado e mouro
E nós dois cavalgando juntinhos.
Mas se isso fosse demais pra tu
Nós podia ser outra coisa.
Nós podia ser feito coceira de urtiga,
Eu a unha pra me esfregar em tu e tu a queimação pra se ouriçar em eu.
E se isso tudo fosse demais pra tu
Só uma traquinagem divina para juntar nós.