sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Empariados

Ah, como seria bom se nós vivesse empariado,

Assim juntinho, lado a lado

Nas intemperanças e dádivas desse mundo embolador.

Mas por uma gaiatice Divina nós não vevi.

Então eu fico mancomunando no meu imaginário

Situações em que nós vivesse pregado.

 

Imagina se nós fosse dentada de onça do lajedo,

Tu a dentada e eu o mordido.

Tu com a boca em eu e eu me acabando na tua boca.

Mas se isso fosse sanguinolento demais pra tu

Nós podia ser outra coisa.

 

Nós podia ser beira de rio,

Tu a corrente forte e eu um surubim pra tu me guiar.

Tu me levando nos teus braços e eu deixando me levar.

Mas se isso fosse fácil demais pra tu

Nós podia ser outra coisa.

 

Nós podia ser ferroada de fuzileiro maribondo,

Eu o ferão pra penetrar e tu a pele se abrindo para eu.

Meu ferrão fazendo parte de tu e tua pele fazendo parte de eu.

Mas se isso fosse dolorido demais para tu

Nós bem que podia ser outra coisa.

 

Nós podia ser um carro de boi,

Eu o carro e tu os bois para me levar por esse mundão a fora.

Tu levando pelo caminho e eu abraçado no teu cangote sendo levado.

Mas se isso fosse lento demais pra tu

Nós podia ser outra coisa.

 

Nós podia ser uma Cavalhada sertaneja dos doze pares de França,

Tu do cordão azul e ibérico e eu do cordão encarnado e mouro

E nós dois cavalgando juntinhos.

Mas se isso fosse demais pra tu

Nós podia ser outra coisa. 

 

Nós podia ser feito coceira de urtiga,

Eu a unha pra me esfregar em tu e tu a queimação pra se ouriçar em eu.

E se isso tudo fosse demais pra tu

Só uma traquinagem divina para juntar nós.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sejamos todos...todas as coisas...
Sem comentários...lindo demais vaga-lume!!