Hoje desci daquela serra
Montado em meu belo Castanho.
Minha espada Guadalupe pronta para o comando,
Minha armadura de couro cravejada de estrelas do leste
Servindo de proteção contra o estranho.
Foi então que uma figura fantasmagoria
Surgiu de pronto na minha frente
Como quem acabou de sair de uma furna.
Montado em um rubro imbua
E na cintura, presa por uma pita encarnada e azul,
Uma alva flor de Jasmim.
Puxei minha Guadalupe
Com a mesma velocidade que meu sangue gelou
E outra parte mais enrugada de meu corpo de contraiu.
Fiz cara de mau e careta de papangu
Mas nada espantou o velho mal assombro.
A montaria bestial, que atendeu por Calí,
Parou com um leve toque de mão
Do velho de longas barbas.
Calça caque e remendada,
E camisa agandolada aberta no peito.
Venha de onde vier saiba que sou ruim.
Falei no ponto máximo de minha angustura.
Sou feito dentada de Cobra Coral, o cabra se lasca.
E saiba que tenho couro e sangue de Onça,
Faca não entra e se entrar não larga.
Então surge por trás da groça barba
Um sorriso belo e fraterno.
Sem entender a situação
Continuei de guarda armada,
De Guadalupe e Coração na mão.
Calma meu bom rapaz.
Venho de onde as coisas não são Reais,
De onde viver também é bom de olhos abertos.
Guarde sua espada e desarme a alma,
Isso não é mais necessário.
A agressividade é um nó, um nó cego.
De nó em nó ela se dá um laço,
No fim da jornada o laço se desfaz
E de tanto nó é um vindo que se faz.
Creia, não existe ferro ou aço que cure.
Digo sem mede e não erro:
Não gaste nó por pouca coisa.
Tire esse sentimento de dentro de você.
Como diria Tinhô Engraxate das Guararapes:
Bala deveria ser trocada por Confeito de caramelo.
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