segunda-feira, 10 de março de 2008

Oração do Velho Galego

Meu Nosso Senhor
Atenda minha pobre oração
Que aprende faz tempo.
Tanto tempo que nem mesmo o tempo
Sabe quanto tempo faz.
Me adefenda de todas as bostisses desse e de outro mundo.
Me livre de um baque de uma besta braba
Ou de uma rede velha,
De uma mulher de bigode com um irmão matador,
De um buraco no caminho de minha carroça,
De escorregão no meio da feira,
De uma cachorra me mostrando os dentes pra me dar uma dentada,
Ou de uma dor de dente,
De uma topada na unha incaicada,
De um furúnculo no sovaco,
De uma mordida de macaco,
De picada de cobra peçonhenta,
De ferroada de maribondo,
De um malassombro das casas fortes me tormentando,
De um sol de rachar,
De lata d’água furada quando for na cacimba,
De tarrafa sem peixe
Ou de uma espinha de peixe no gogó,
De bufete no pé-do-ouvido ,
De um bêbado no meu é caído,
De um menino maluvio,
De uma acocorada num pé do urtiga,
De uma pisada num buraco de formiga,
De uma cigarra num dia de ressaca,
De uma coice de uma besta parida,
De um visinho falador,
De um filho chorando de dor,
De uma dor no pé do buxo,
De uma sarnacão no verão
Ou saroumorreu no inverno
Meu Nosso Senhor escutai minha prece
E me livra desse inferno.

2 comentários:

Anônimo disse...

O senhor é meu ou é nosso?
Digo, o senhor é teu ou é nosso?

Ta muito boa essa oração.. me empresta?

:*

Anônimo disse...

foi legal