sábado, 2 de junho de 2007

O dia em que uma menininha com cara de menininha se mostrou para uma velha alma com cara de velha alma

Vestida com uma nuvem amiga, dessas meio cinzentas,
As mãos enfiadas no bolso,
Os pés virados pra dentro com quem encabula
E o sorriso aberto desenhando o rosto.
Vinha ela fazendo inveja á todo o batalhão de anjos
Que do céu veio ver ela passar.

Os pintassilgos iam bem na frente mandando o povo dar passagem,
Um sabiá enroscava uma minuciosa trança etária em seus cabelos.
Lá vinha ela, sem dó e nem piedade.
O chiado de seu chinelo estalava forte no ouvido feito um malassombro
E seu cheirinho de mar tomava conta dos sonhos que não foram sonhados mas já se sente falta.

Menininha com cara de menininha que se mostrou para uma velha alma com cara de velha alma.
Tendi piedade. A piedade dos amantes sem medo ou dor,
Pois, fui vitimada por um capricho do carrasco implacável, o Tempo.
Não é por gosto nem por vaidade,
É cosia que não se explica nem se mede.
Pelos séculos e séculos.
Amém.

4 comentários:

Anônimo disse...

Que bonito :D

Anônimo disse...

Lindo, Ivan!
Principalmente a parte em que senti, o que vc disse ser comum todo mundo sentir. E eu que achava que era só eu... =)
Beijão

Larissa Minghin disse...

"E seu cheirinho de mar tomava conta dos sonhos que não foram sonhados mas já se sente falta."

Ivan, parabéns pelo olhar bonito que tem prás coisas.

Anônimo disse...

então, amém!