segunda-feira, 7 de maio de 2007

O baile em que o anjo que esconde as asas encantou o cavaleiro

Era o palco perfeito pra se apaixonar.

Um terreiro de usina onde o tempo não se faz presente,
Os canários já cantavam a festa junto com os papa-capins.
E São Pedro mancomunado com Santo Antônio
Fez um batalhão de divindades se arrumarem para o baile.

Era o palco perfeito pra se descobrir.
No meio dos celestes convidados tinha um anjo.
Dessas das mais marotas,
Que só de pirraça e pouco caso esconde as asas pra fazer charme.

Era o palco perfeito pra se perder.

Ela fazia a poeira subir com o movimento de sua saia estampada.
E dançava solta como poucas.
Com giros embriagados, no entanto com vil firmeza
Caia de um lado, mas não ia, caia do outro, mas não vinha.

Era o palco perfeito pra se viver.

Fez logo questão de puxar a cantoria.
Ela cantava rouca como poucas,
Com a voz suava
Ela solfejava, semitonava e até gargalhava.

Era o palco perfeito pra se ter.

Eu tentei de tudo pra chegar perto,
Mas, como se fosse por gosto, e só pra machucar os coração
A desatenta nem me via.
Com movimentos exatos de cabeça desviava, evitava e esquivava.

Era o palco perfeito pra se retirar.